psicopedagogia

O que os pais precisam de saber sobre a Psicomotricidade

Psicomotricidade é uma palavra que  começam a ouvir quando a criança entra para a pré-escola: no plano de intervenção da sala em que está inserida, no final de cada período, quando a educadora entrega as evoluções que a criança está a fazer… ou então nas consultas de pediatria quando o médico faz a avaliação do desenvolvimento global da criança.  Mas muitos são os pais, que pensam que a psicomotricidade se resume à locomoção e se muito à apreensão fina das mãozinhas dos seus pequenotes.

Mas afinal, porque é que é necessário saber um pouco mais sobre a psicomotricidade?

Sabermos sobre o que é o desenvolvimento psicomotor é tão importante, como sabermos sobre o desenvolvimento cognitivo ou emocional do nosso filho.

A psicomotricidade é um campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências, recíprocas e sistemáticas, entre o psiquismo e a motricidade, em que estão envolvidos processos cognitivos como a atenção, a memória, a perceção, o raciocínio, a sequencialização, a planificação (entre outros) e o controlo e execução motora e os processos multisensioriais (os nossos sentidos associados a ações).

Por exemplo, um bom controlo motor permite à criança explorar o mundo exterior na qual se constroem as noções básicas para o seu desenvolvimento intelectual.

Mas retomemos à importância da psicomotrocidade no desenvolvimento global da criança.

Os elementos principais que compõem a psicomotricidade são:

  • Motricidade Fina
  • Motricidade Global
  • Equilíbrio
  • Esquema Corporal
  • Organização Espacial
  • Organização Temporal
  • Lateralidade

Vamos lá perceber a importância que cada elemento tem.

A motricidade fina é o que engloga no futuro a escrita. Mas antes há que controlar e coordenar os músculos e articulações do braço, pulso e mão. A esta ligação, chamamos coordenação visuomotora e é algo que é muito estimulado (muitas vezes de forma insconsciente) pelos pais – ao ensinar a pegar com os dedos em pinça em papel, em pequenos objetos; ao ensinar a pegar num lápis e rabiscar, ao ensinar virar folhas de um livro mexendo só os dedos e o pulso…

motricidade global engloba a capacidade da criança, os seus gestos, as suas atitudes, os seus deslocamentos, o ritmo. É a criança começar a gatinhar de forma harmoniosa, dar os primeiros passos de forma equilibrada, é saltar, dançar, parar e voltar a andar com harmonia. A perfeição progressiva do acto motor implica um funcionamento global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da atitude.

Equilíbrio. A criança pequena, antes de alcançar o equilíbrio, adota apenas posturas, o que equivale a dizer que o seu corpo reage de maneira reflexa aos múltiplos estímulos do meio. A possibilidade de manter posturas, posições e atitudes indica a existência de equilíbrio. Contudo, está intimamente relacionado com a energia tónico-postural.

Qual a importância do tónus na aprendizagem escolar e qual a importância do professor conhecer o seu significado?

Em primeiro lugar, porque é importante no respetivo ajustamento psicomotor da criança para as suas aprendizagens. É uma das pré-aptidões, pois é onde vai assentar a postura base, a expressão corporal e motora da criança;

Em segundo, porque exprime da melhor forma a pedagogia utilizada pelo professor e o tipo de empatia alcançada entre professor-aluno. Uma vez que a disponibilidade corporal (músculo-articular-postural-emocional) é influenciada pelas relações que se estabelecem.

Ou seja, num ambiente pedagógico em que a relação professor-aluno não é plena, o comportamento da criança vai ser de alguém mais contraído, com mais dificuldade em se concentrar. A criança naturalmente,  vai adotar uma posição contraída e defeituosa na cadeira, com rigidez e falta de disponibilidade ao nível da região do pescoço e do ombro e consequentemente dificuldade em segurar e manipular corretamente o lápis, ou seja, sem coordenação visuomotora fluente, por exemplo.

Esquema Corporal é a organização das sensações relativas ao seu próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior, ou seja, é a imagem mental do corpo. É o conhecimento do que as partes do corpo podem fazer. Um dos exercícios que os pais podem fazer pedir à criança para desenharem uma figura humana.

Organização Espacial designa a nossa habilidade para avaliar com precisão a relação física entre o nosso corpo e o ambiente e, para efetuar as alterações no decurso dos nossos deslocamentos. Todas as modalidades sensoriais participam em certa medida na perceção espacial: a visão, a audição, o tato e o olfato. De forma progressiva e com a evolução mental da criança, vai estabelecendo a aquisição e a conservação das noções de distância, superfície, volume, perspetivas e coordenadas que determinam as suas possibilidades de orientação e de estruturação do espaço em que vive.

Organização temporal. Existem dois grandes componentes da organização temporal :

  • Ordem
  • Duração

À medida que a criança cresce, vai adquirindo conhecimento da ordem e da duração dos acontecimentos e que existe um sistema cultural de referências, horas, dias, semanas, meses e anos e que os acontecimentos sucedem-se com intervalos.

Lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, perna e pé. A lateralização cortical é a especialidade de um dos dois hemisférios quanto ao tratamento da informação sensorial ou quanto ao controle de certas funções. Ou seja, é saber se a criança escreve, chuta a bola ou ouve o tique taque do relógio com a sua mão, pé, ouvido direito ou esquerdo. É perceber qual o seu lado corporal dominante.

O próximo post trará o tema das dificuldades de aprendizagem oriundas de disfunções psicomotoras.

Atá lá!

Vera Oliveira