Há mais de um ano que não escrevia aqui pelo blog.
Para quem me lê pela primeira vez, vou contar um pouco da minha história. Sou psicopedagoga e sempre trabalhei com crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem. Tendo nos últimos anos, dedicado mais ao trabalho com adultos: pais e professores.
Nunca ambicionei ser mãe. Em jovem não tinha discursos de “um dia quando for mãe” e em adulta, sempre gostei da independência e liberdade que tinha, quando o trabalho acabava. Entretanto, aos 28 anos encontro a minha cara-metade, o meu equilíbrio, a minha fonte de inspiração e aos meus 36 anos tornamo-nos pais de uma linda Maria Henrique aka Maria Furacão.
Apesar de trabalhar na área da educação, a minha experiência era como profissional de crianças a partir dos 6 anos, muito voltada para a aprendizagem e as suas dificuldades.
Quando me tornei mãe, caí numa depressão pós-parto, pouco ou nada falada, não por vergonha, mas por não ter noção na altura de como estava e talvez pela não aceitação inconsciente, das várias mudanças que estavam planeadas com a vinda da nossa bebé (mudança de cidade, deixar um negócio para trás, solidão). E o conhecimento que eu tinha enquanto mãe, era muito centrado nas vivências que tive enquanto filha (que não foram as ideais, mas as possíveis) e nas crenças que carregava (algumas ainda carrego, mas com mais consciência) sobre o que era educar um filho.
Em 2017, tomo a decisão que mudou a forma como vejo o mundo. Ingressar pelo mundo da parentalidade positiva com a querida Magda Dias, através da Escola de Parentalidade Positiva.
Mas porquê a necessidade de abraçar este tema: Parentalidade Positiva?
Várias razões. Mas a principal, foi a minha Maria Furacão.
Não estava a saber lidar. Não estava a concordar com as crenças que carregava. Estava em conflito interno perante uma filha que tinha (tem) tanto de alegria como de histeria. Não estava a aceitar o que tinha à minha frente.
E é que aqui que quero que leiam com atenção:
Não é sobre pais mais ou menos competentes. Não é sobre o “Buda” que desce em nós e nos transforma. Não é sobre ser superior , ser perfeita.
É sobre autoconhecimento. É sobre o que somos enquanto pessoas, que tantas partes carregamos e que lutam pelo papel principal. É sobre descobrirmos o nosso self. É sobre as nossas intenções enquanto pais.
É preciso estudar para ser um Pai mais consciente, sim. Principalmente, quando temos crianças que desafiam e questionam da pior forma o que fazemos ou dizemos. Sim, é sobre crianças temperamentais que falo.
É sobre todas as crianças de temperamento Maria Furacão. Que nos remetem para a culpa e para a pergunta “onde estou a falhar?”. Que nos levam para as crenças da educação mais autoritária: foi a que vimos sempre e, em alguns casos, a que assistimos lá em casa.
Eu sei, a história da palmada. Eu sei… é terrível não é? Sabemos que está errado, mas naquele dia que estamos mais desconectados, mais longe das nossas intenções, ela aparece como única resposta, para a qual somos capazes de dar, naquele momento.
Respira. Ei?… Lembras-te qual é a tua intenção? Ok. Volta lá, conecta-te. E vais ver que essa resposta, que antes era a única que tinhas aí dentro, vai diminuindo.
Mas e se estiver errada?
Oh my darling, what if you fly?
O medo de uma nova abordagem na educação de um filho.
O amor é a resposta. A conexão e aceitação, a consequência.
Haja humor e um copo de vinho para quando os dias não correm bem e siga. Isto não é sobre pais perfeitos, é sobre pais reais.
Um abraço apertado,
Vera Oliveira